Por Laura Márquez e Luiz Henrique Ribeiro.
A fabricante de pneus Goodyear, teve até 92, sua revista empresarial circulando. Considerada a irmã empresarial da reviste Diners, era uma revista com uma proposta nova para a época. Foi um projeto ousado, mas que deu certo. A revista era tão conceituada que tinha gente que “roubava” a revista. O trabalho ficou conhecido devido a uma nota que saiu no jornal “Estadão”. No começo, os jornalistas não tinham verba para tocar o projeto e logo que se passou um ano, fizeram um dossiê sobre a Pirelli, que era a concorrente, e assim conseguiram capital para manter a revista.
A empresa não impunha nada aos jornalistas e como a revista não era vendida em banca podiam experimentar à vontade, fazendo cada número totalmente diferente do anterior.
As pautas eram criadas por eles mesmos, da redação, ou mandadas por colaboradores. Estes colaboradores eram recrutados entre pessoas que se conheciam e a lista era muito ampla. Um fato importante de ser mencionado é que a revista não publicava artigos traduzidos e, por isso, enviou muito jornalista para fazer reportagens no México, Paris, Angola, Inglaterra, Alemanha, Mali e Índia, entre outras localidades.
A pauta era inteiramente livre e a direção da Goodyear, que lia a revista impressa, não fazia nenhum tipo de pedido editorial. Os temas abordados eram dos mais variados. Entre os principais estavam ecologia-turismo (lugares bonitos, para aproveitar o papel e impressão de primeira qualidade), política, perfis, mundo automobilístico e tecnologia.
O público-alvo era formado por revendedores da Goodyear, escolas públicas e particulares, faculdades, Câmara e Senado federais, imprensa, embaixadas e consulados, além de bibliotecas.
A redação era um pequeno ateliê emprestado. Só havia uma máquina de escrever, os contatos telefônicos eram feitos de um orelhão, havia três cadeiras e os jornalistas se sentavam até em cima de um botijão de gás. Mas mesmo assim alcançaram um ótimo resultado. Alguns jornalistas que trabalharam juntos acreditam que o sucesso da Revista Goodyear pode ser atribuído à falta, na época, de uma publicação voltada à reportagem. Desde o fim da revista "Realidade" não havia nada assim no país.
A revista durou até 92. Acabou porque a Goodyear não é uma empresa jornalística, é uma fábrica de pneus. O departamento pessoal foi quem acabou com a revista. Eles estavam fazendo uma“contensão de despesas” e aproveitaram que a presidência estava mudando para acabar com a revista. Jornalistas consagrados que colaboravam com a revista lamentaram.
Equipe da Revista Goodyear:
Affonso Romano de Santanna, Antônio Saggese, Artur Xexeo, Bob Wolfenson, Jaguar, Chico Caruso, Cláudio Bojunga, Cláudio Edinger, Fernando Gabeira, Humberto Weneck, Ivan Angelo, José Castello, José Márcio Penido, Leo Gilson Ribeiro, Luiz Ge, Marcos Sá Corrêa, Maria Adelaide Amaral, Marília Pacheco Fiorillo, Matthews Shirts, Miguel Rio Branco, Nirlando Beirão, Otto Lara Resende, Paulo Leite, Raimundo Pereira, Regina Echeverria, Renato Pompeu, Ricardo Kotscho, Ruy Castro, Sérgio Augusto, Sônia Carvalho, Tião Gomes Pinto, Walter Firmo e Zuenir Ventura.
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